30.11.14

O processo de Recoleção em Zé Alfredo da Novela Império

Eae galera! Hoje vim abordar um assunto que é de ciência de todos, mas abordarei esse tema a partir do ponto de vista de uma Teoria.

Então, quem já voltou de viagem de alguma outra região ou algum interior com algum sotaque?

E quem já usou em seu vocabulário cotidiano expressões em inglês (Falar algo como Oh my god ou Whatever)?

Bem, mesmo que isso não tenha acontecido com você, com certeza você conhece alguém que se encaixa em alguma dessas situações não é?

Pois existe um estudo que aborda temas como esse, Culturas Híbridas de Néstor García Canclini. Nesse estudo, Canclini aponta três parâmetros que dizem respeito ao repertório cultural: Coleção, Descoleção e Recoleção. Eu irei exemplificar esses parâmetros a partir do personagem Zé Alfredo da novela Império.


Coleção – Esse primeiro parâmetro é definido como o repertório cultural que a pessoa já tem. No começo da novela Império, Zé Alfredo, procurando por melhores condições de vida, vai ao Rio de Janeiro. Nessa época ele tinha uma imagem: o modo de se vestir, o modo de falar e o modo de pensar e agir.


Zé Alfredo interpretado por Chay Suede,
na 1ª fase da novela Império.
Descoleção – A partir do desenrolar da história, o personagem Zé Alfredo fica rico, vai para a Europa e também se casa, ou seja, por tanta coisa ter mudado em rua vida, consequentemente a sua própria identidade teve mudanças. Zé Alfredo mudou muito em relação a sua identidade inicial. A descoleção retrata exatamente isso, a perda da coleção “original”.

Zé Alfredo, ainda na 1ª fase da novela,
muda o jeito de se vestir e portar
a partir do contato com outras culturas.

Recoleção – No final desse processo, Zé Alfredo mudou muito de quem era inicialmente na novela. Contudo, mesmo falando expressões em inglês e mudando muito o jeito de se vestir, ele possui traços da coleção anterior, ele ainda tem o seu sotaque, por exemplo. O último parâmetro, a recoleção é definida como a criação de uma nova coleção, que surge a partir de uma mistura de coleções.

O personagem na 2ª fase da novela Império é interpretado por Alexandre Nero.
Esse processo não acontece só uma vez, ele acontece também a partir do crescimento e envelhecimento de uma pessoa e, até mesmo, a partir de amizades, livros e filmes, por exemplo. Espero que vocês tenham gostado da postagem e que tenham conseguido visualizar essa teoria no cotidiano. Boas férias galera! :)

28.11.14

Tendências que pegam.


Oi gente, tudo bem com vocês? Vou falar de um assunto que, eu acho, a maioria das mulheres vão gostar hehe. Vamos falar de moda.

Tá, eu não sou guru da moda ou atualizada em alguma tendência atualmente. Mas se formos parar para pensar, as novelas são como um produto de funcionamento da Indústria Cultural.
Beleza... E o que é Indústria Cultural?
Ok, para ser breve, a I.C é aquela que lucra a partir da produção cultural de uma sociedade. Ela tenta estabelecer métodos de vender conteúdo de entretenimento de maneira parecida a qualquer indústria do ramo da economia.




É aí que a moda entra. Ela praticamente lança novas tendências e/ou cria o “modismo”, para que eles consigam atrair a vontade do público e lucrar com isso.
Olha que eles realmente conseguem, hein?!. Além de ser um assunto que a maioria é interessado(a), eles criam esses desejos e expectativas no público por um produto. Num vai dizer que você não amou as jóias que a Ísis Valverde usa na novela? Nunca quis saber onde comprar? Ou como adquirir?

É meu caro, somos todos vítimas da Indústria Cultural. HAHA

Cintos, pulseiras, aneis e outros acessórios são os mais consultados pelo público da Globo. A atriz Giovanna Antonelli já deu uma entrevista falando sobre como ela fica surpresa com a repercussão das tendências nas novelas, principalmente, com sua antiga personagem, a delegada Helô em Salve Jorge, porque os acessórios que a personagem usava foram os mais copiados na emissora.

Giovanna Antonelli como a delegada Helô (Salve Jorge 2012)
E aí? Quais foram as tendências que vocês se lembram? Existem várias, quero saber de todas.
Espero que vocês tenham gostado.

Até a próxima :).

26.11.14

Publicidade Infantil, só mais um, mãe :3



Olá, caros sobreviventes de final de semestre o/ Hoje eu vim aqui falar de coisa boa, coisa bonita. Quem aqui já teve esse CD?


Eu era a Tati o/




















E esse? <3

Sim, eu já liguei pra rádio pedindo uma música desse CD que eu tinha
e escutava todos dias fazendo a coreografia .-.





















Pois é, as mães agradeceriam se parasse no CD, mas claro que não é o suficiente. São CDs, DVDs, bonecas, diários, roupas, sapatos, enfim. Tudo que puder envolver a novela e seus personagens. Acho que ao longo dos posts feitos aqui já ficou claro o quanto as novelas influenciam os adultos, agora imagine as crianças.

O que talvez você não saiba é a influência que as crianças tem na hora de decidir as compras do lar. Segundo o site da ESPN (mas não só ele porque há milhões de artigos sobre isso) quem pode estar sendo o consumidor são os adultos, os pais, as pessoas que pautam suas compras através dos desejos das crianças.


Crianças escolhendo alimentos em Supermercado.


Mãe dizendo "só mais um" hahah

“Só mais um, mãe”, “Quero o ovo de páscoa das Chiquititas pai”, “Vocês nunca me dão nada que eu quero”. Quem tem criança em casa com certeza já ouviu muito essas frases. (Eu já falei muito essas frases). A grande questão aqui é, no intervalo das novelas as propagandas divulgam produtos relacionados à novela influenciando a criança a querer, a criança obriga influencia os pais a comprar e, na maioria das vezes, os pais compram. Seja a partir dos CDs/DVDs lançados pela novela a até mesmo as roupas ou acessórios que as personagens usam.





E não são poucas as crianças que assistem a essas novelas infantis. Segundo o Ibope, 49 entre cada 100 crianças com idade entre 4 e 11 anos, que estão vendo TV, assistiam Carrossel (do SBT). O sucesso de Carrossel foi tão grande que em seguida lançaram um remake de Chiquititas. Esse remake possui 522 episódios confirmados!

Então é isso galera! (falar em galera, descobri hoje que galera era o nome que se dava ao conjunto de escravos negros que ficavam na parte inferior de um navio trabalhando nas máquinas, que aliás tinham em torno de 42°, praticamente um estágio pro inferno, o que eu tava falando mesmo?) Espero aprofundar sobre a Publicidade Infantil e algumas leis interessantes, mas esse assunto fica pra próxima. Então não deixem de acompanhar :)

23.11.14

As Novelas e a Identidade Negra no Brasil.

Oi gente, e ai? Como tá esse fim de semestre pra vocês ?? lágrimas risos 
Senta que lá vem história, hoje é um tema que ainda gera muita polêmica. 
Então, essa semana tivemos o dia da consciência negra, logo eu achei que seria interessante abordar esse tema por aqui, claro que relacionando com as nossas queridas novelas.  Zygmunt Bauman considera a identidade como algo a ser inventado e não descoberto, com o passar dos anos a representação da identidade negra nas telenovelas brasileiras mudou muito, principalmente porque nossa sociedade mudou o seu modo de ver, mas jamais poderíamos dizer que nossa sociedade não é mais racista.
 A primeira novela brasileira a conter muitos negros foi "A Gata”, novela de Ivani Ribeiro que estreou em 1964, na extinta TV Tupi. O tema da telenovela não era dos problemas do negro brasileiro, mas os dos escravos das Antilhas do início do século XIX , foi um grande fracasso de público, ao pesquisarem os motivos para tamanho insucesso descobriu-se que um dos motivos era o excesso de escravos na novela, apesar de os protagonistas serem brancos, então a autora provoco uma "epidemia" que matou quase todos os integrantes da senzala, detalhe importante, apesar da grande quantidade de atores negros o nome de nenhum deles foi creditado junto aos nomes do atores brancos. No mesmo ano estreou a novela  "O Direito de Nascer", onde a empregada negra de uma casa muito rica adota o filho da filha do dono da casa, que não poderia ser mãe solteira por conta do preconceito da época, Mamãe Dolores e seu filho Albertinho fizeram o Brasil chorar rios, foi a primeira vez em que uma personagem negra fez sucesso com o público.
 Em 1965 na TV Tupi, tivemos a novela "Cor da Pele, a primeira a tocar no assunto preconceito racial, a história de amor de Clotilde, uma mulata de olhos verdes, com o português Dudu, eles protagonizaram o primeiro beijo inter-racial na televisão, mas nem tudo são flores, a TV Globo em 1969 deu vários passos pra trás na novela "A Cabana do Pai Tomás", uma trama pensada para ser um sucesso de audiência acabou virando motivo de protesto e de vergonha alheia, acontece que a Colgate-Palmolive no Brasil, que patrocinava as telenovelas da época, exigiu que o papel fosse vivido pelo ator branco Sérgio Cardoso, então o ator teve que pintar-se de preto, usar peruca e rolhas no nariz, isso gerou muitas críticas, pois a população queria um ator negro no papel.
Nos anos 70 a temática das novelas passou a ser a realidade brasileira, então as personalidades negras foram esquecidas, eram apenas papéis como serviçais, subalternos que na maioria das vezes não tinham nem falas, quando tinham era apenas nas tramas paralelas, nada muito importante. A partir de 1975, a Globo passou a fazer adaptações de clássicos da literatura nacional, como Gabriela de Jorge Amado, muitas atrizes negras se candidataram ao papel, mas preferiram escurecer a pele da atriz Sonia Braga.
Nos anos 80 os movimentos sociais contra o racismo ganharam grande força no Brasil, logo a dramaturgia passou a retrata-los, até porque era o centenário da Abolição da escravidão, o negro tinha que sair da senzala e da cozinha e "se tornar parte da sociedade brasileira", ou seja nos anos 90 as personagens negras tiveram uma maior integração e participação mas novelas, desde então os negros passaram a não ser representados com um só tipo de personagem, na novela "A Próxima Vítima" de 1995 existia um núcleo sólido retratado por uma família de classe média, onde todos eram bem sucedidos e não eram serventes de ninguém. 
 Em 1996, veio ao ar a novela "Xica da Silva", pela TV Manchete, que trazia Taís Araújo como protagonista, foi um grande sucesso de público, a primeira protagonista negra não deixou a desejar em nenhum momento, a história também mostrava a luta da escrava que sabia da injustiça social que sofria é lutava constantemente contra isso. 
No começo do novo milênio, o papel para atores afro-descendentes ainda segue a linha de papéis feitos a partir da cor de sua pele, em uma pesquisa feita pela Revista da TV, do Jornal O Globo,  foi perguntado à atores e autores se eles acreditavam em uma maior participação de negros na TV, todos responderam que houve muitos avanços, contudo ainda havia um longo caminho a ser percorrido para que haja uma efetiva inclusão. É necessários que as telenovelas, retratem de maneira mais fidedigna as relações sociais do Brasil multicutural que existe, que se acabe os preconceitos velados e enraizados das grandes mídias. 

“Antigamente o pelourinho era o pau e o chicote. Hoje está nos meios de comunicação de massa. Somos chicoteados a toda hora em nossa auto-
estima.”
Antônio Pi
tanga

18.11.14

Malhação: A novela sem fim

Olá pessoal,

O tema do post de hoje é super conhecido e já fez parte da vida da maioria. É a famosa “novela sem fim” Malhação.



Com o primeiro capitulo transmitido no dia 24 de abril de 1995, a telenovela veio com o objetivo de abortar situações vividas pelos jovens, como o primeiro amor, gravidez na adolescência, a luta por direitos, etc.
Até agora nada de muito diferente né! Isso faz com que apareça a famosa pergunta: Por que Malhação nunca termina?

Um dos motivos é que ela ainda faz sucesso entre os adolescentes. É natural que nós, que já passamos da juventude,  achemos a novela “sem graça”, porém pra quem vive esse período  se identifica com os sentimentos e  conflitos  vividos pelos personagens. Basta fazer uma rápida pesquisa na internet para encontrar vários fã-clubes dos atores do “folheteen”.

Malhação também é conhecida por ser uma fábrica de talentos, já que desde do seu lançamento, tem descoberto talentos da dramaturgia brasileira, como Rodrigo Faro, Priscila Fantin, Caio Castro e entre outros.


Ator Sérgio Handjakoff que fez o inesquecível Cabeção
Caio Castro no papel de Bruno, na temporada de 2007
Marjorie Estiano como a roqueira Natasha




















Nos últimos anos, os autores de Malhação estão buscando sair das famosas “fórmulas prontas”, como o mocinho e mocinha que são separados pelos vilões ou pela família por não serem da mesma classe social, entretanto é notável que a história sempre acaba voltando para o clichê. Um exemplo disso que o que aconteceu com o personagem protagonista Dinho, interpretado pelo ator Guilherme Prates, que saiu da novela já que o personagem não foi aceito pelo publico, pois demonstrava uma certa
insensibilidade, que acabou com a amizade de duas amigas sem culpa nenhuma. Além disso o tipo físico do ator não agradava, já que ele era magro, diferente dos tipos físicos sarado dos outros protagonistas. Resultado: o personagem foi substituído por Victor, o clássico mocinho de novelas, que é bonito e não possui conflitos.

À esquerda, Guilherme Prates como Dinho e à direita, Guilherme Leicam como Victor.


Enfim, apesar das suas fórmulas prontas e com temas mais juvenis, todos já fomos marcados por pelo menos uma temporada de Malhação e, com certeza,  todos tem ótimas recordações.

Então é isso galerinha, espero que tenham gostado e até a próxima. 

13.11.14

Espiral do Silêncio

História da Espiral do Silêncio



Olá pessoas, hoje a gente vai dar uma espécie de continuação do meu último post que foi sobre a Teoria do Agendamento. E o assunto será: Espiral do silêncio! Essa é uma teoria criada pela alemã Elisabeth Noelle-Neumann que diz que na sociedade há uma tendência de acompanhar a opinião da maioria das pessoas. Isso acontece porque essas pessoas tem medo de serem isoladas se forem contra a opinião pública.





Agora cuidado, não confunda opinião pública com a opinião da maioria das pessoas. "Comassin?" Ouço vozes me perguntando, hahaha. Bem, a opinião pública é aquela em que você não é preterido se falar em público, ou seja, pode falar a vontade. O que acontece é que geralmente essa opinião é a dos meios de comunicação, ou melhor, dos donos do meio de comunicação. E quem são esses seres que só ouvimos falar (menos o Silvio Santos, beijo Silvio)? Ora, eles são nossos tops da balada, a classe AA+++ Supra Plus. Ou seja, pra entender de pobreza só fazendo pesquisa (Tio Silvio tá de fora dessa também, se bem que eu acho que ele esqueceu, enfim).

Ok, agora chega de teoria, vamos para a prática. Qual das donas dessas cozinhas você acha que é mais feliz?

A)
Cozinha da D. Leocádia da Minissérie "Detetives do Prédio Azul"















B)
Cozinha da Carminha da Novela "Avenida Brasil"














Pois é, nas novelas - que são a "voz do povo", a riqueza é muito ligada a felicidade e é normal quando perguntam "Se você pudesse pedir uma coisa agora, o que seria?" a resposta ser "Ganhar na loteria.". Mas e se alguém responder: "Não, eu queria voltar pro meu interior e ter uma vendinha de esquina". Aí meu amigo, pode internar, certo? Errado. Mas é isso que acontece.

Certo, certo, entendemos tudo, e as novelas?
Nas novelas temos vários exemplos de situações que dizem que tabus tem que continuar tabu e ai de quem discordar.

Perséfone de "Amor à Vida" traz a opinião pública do gordo virgem.

Cacau de "Vidas em Jogo" perde a virgindade aos 15 anos e no
final da novela tem sua remissão casando.

Du de "Império" ao revelar que está grávida e pretende abortar ouve a seguinte frase do pai de seu companheiro:
"Nem que eu tenha que te colocar numa jaula, você vai ter esse filho".

Félix e Nico de "Amor à Vida"



Agora uma boa notícia: a opinião pública também muda! Homofobia e preconceito racial, que já foram coisa normal, hoje são crimes. E por isso algo como o Beijo Gay pôde acontecer..






Então é isso galera, espero que tenham gostado! Continuem acompanhando o blog, dê um joinha no vídeo, não, pera e podem esperar que tem muito mais vindo por aí. :)

11.11.14

Censurou e você nem percebeu.


E aí, pessoal? Mais um post para vocês e eu espero que gostem (sério).

Pelo título, vamos ver que diversas novelas foram censuradas, muitos foram por conta da baixa audiência ou porque continha um conteúdo não muito apropriado na época. Sem falar que, também, tinha várias críticas à Igreja e ao governo.


Mas calma, isso começou na Ditadura Militar. Essas censuras foram muito comuns na época (em meados da década de 1970). O aparelho de televisão estava começando a se tornar popular entre os brasileiros e os folhetins, nessa época, se tornaram um entretenimento, por isso os cortes.


Pra explicar de uma forma resumida para vocês, era assim que funcionava essas limitações:



As emissoras enviam a sinopse com tudo completo e bonitinho, tudo sobre a história e os personagens. Quando isso chega nas mãos dos censores, eles conferem e apontam o que deve acrescentar ou excluir na história, depois disso, eles definem o melhor horário para exibir a "tal" novela. Quando for aprovada, ai sim as gravações começam, eles preparam uns VTs para os censores verem se é possível fazer uma nova análise. Pronto, aí que começam os cortes, o que podia ou não ser um diálogo, que cena deve ser corta e até se eles não gostarem de um personagem, eles pediam exclusão de todas as suas cenas.Muita coisa, né? Mas não acabou...Com todos as solicitações feitas pelo censores e caso os produtores não obedecessem a isso, eles podiam proibir a exibição. Simples assim.Isso, de forma mais formal e bem mais aprofundada, era como acontece um censura. 

Agora vamos ver quais novelas (foram muitas, porém vou citar algumas) foram censuradas na época:



Roque Santeiro (1975).
Feita pelo autor Dias Gomes, essa versão foi totalmente censurada. Haviam sido gravados 30 capítulos quando os censores perceberam que se tratava de uma adaptação de uma peça teatral, O Berço do Herói. Segundo a Censura Federal, a novela tinha ofensa à moral, à ordem pública e à Igreja.


Vale Tudo (1988)
Houve uma cena que as personagens Helena (Renata Sorrah), Cecília (Lala Deheinzelin) e Laís (Cristina Prochaska) conversam sobre a homossexualidade, talvez você não deve lembrar porque ela foi totalmente censurada. Segundo os censores, a relação entre Cecília e Laís era tratada como uma opção natural e ser aceita sem preconceitos, isso para eles era um absurdo. Além de ter feito uma crítica à crise econômica e à falta de ética no país.

Irmãos Coragem (1995)

Essa tinha um grande teor político. Muitos telespectadores reclamaram das cenas de violência e da linguagem, muitas vezes, imprópria. O enredo não foi "aprovado" pelos censores e ainda reclamaram da classificação da novela, liberada para maiores de 12 anos. "A novela abordava a luta dos garimpeiros João e Jerônimo Coragem (Tarcísio Meira e Cláudio Cavalcanti) contra abusos de poder de latifundiários corruptos."



Os tempos agora mudaram, meu povo!

Se você quiser conferir mais novelas que foram censuradas nessa época, clique aqui.

Espero que vocês tenham gostado e até a próxima!

8.11.14

A Influência do Público nas Novelas


Eae galera! A postagem de hoje pretende fazer vocês repensarem sobre interação do Público com as Novelas, ou talvez apenas confirmarem o que já sabiam.

É comum ouvir pessoas falarem "É só uma novela, não podemos mudar o que passa na TV", esse tipo de pensamento está relacionado com Teoria da Bala Mágica (um modelo de teoria de comunicação), que menciona um processo de comunicação linear, em que o Emissor (No nosso caso, a TV) envia a sua mensagem (Novela) e o Receptor (Público) apenas a recebe e a aceita, ou seja o receptor é passivo. Contudo, depois de diversos estudos notou-se que o receptor na verdade é ativo no processo, também, pois, a partir da recepção da mensagem, ele a assimilará à luz de suas experiências de vida e então produzirá uma resposta (ou feedback). Isso torna o processo de comunicação um ciclo. A mesma situação não é diferente com as novelas.

Um mapa conceitual reduzido do processo de comunicação como um ciclo
As interferências externas em uma novela são cada vez mais frequentes. Mariana Trigo, em uma reportagem para o site Terra de notícias, afirma que, os autores de novelas pensam em sua trama no começo, mas logo ela sofre alterações por influências do público, essa prática é desenvolvida pelas próprias emissoras. Por volta do capítulo 30 de uma produção são feitas pesquisas sobre a aceitação do público a partir de enquetes em blogs, sites ou até mesmo nas ruas, também são feitos grupos de discussão com o público. Depois dessas pesquisas, novas são realizadas por volta do capítulo 80. Isso não quer dizer que o autor vai fazer exatamente o que o público quer, até porque o público é bem heterogêneo o que torna uma tarefa praticamente impossível agradar a todos. Contudo, diversas ideias surgem de pesquisas com os telespectadores. Eu diria que é como um Brainstorm em que o autor e os telespectadores estão participando, mediado por pesquisas.

Um caso onde pode ser notada a influência do público nas novelas está em "Amor a Vida"(2013), o personagem Félix, antagonista, por seu carisma e bordões teve uma grande aceitação do público, então virou o foco da história, principalmente no final da trama (também um exemplo de fuga de clichês, em que o foco da história comumente se passa na vida do casal). Uma enquete do site da revista Caras apontou que 74% dos internautas torciam para que Félix se redimisse e tivesse um final feliz. O autor afirmou, em meio a tudo isso, que o destino do personagem é o desfecho principal da novela. Mateus Solano (a ator do personagem Félix) afirmou que estava pronto para ser odiado, por ser um vilão, mas no final acabou se mostrando outro.


Mateus Solano interpretou Félix em Amor a Vida (2013)

Outro exemplo de influência do público em novelas está no caso de "Mulheres Apaixonadas"(2003). A personagem Fernanda, vítima de bala perdida, mobilizou o país.

Manuel Carlos disse que mudou alguns pontos na novela:

"(...)No caso de "Mulheres Apaixonadas", a quantidade de pedidos para eu poupar a Fernanda foi enorme. Por causa disso a personagem teve uma sobrevida de mais 100 capítulos. Mas sua morte já está decidida."

Como pode ser notado, a personagem teve mais de 100 episódios a mais de vida do que o planejado, e isso aconteceu não só por causa dos telespectadores, mas também porque a prefeita do Rio de Janeiro da época, Rosa Garotinho, e o governador, César Maia, argumentaram que a morte da personagem iria denegrir a imagem do Rio de Janeiro, haja vista que Fernanda fora vítima de bala perdida na capital. Manuel Carlos ainda afirma que a novela é considerada uma obra aberta, ou seja, a participação, a aprovação ou rejeição por parte do público é contada para a obra conquistar a sua legitimidade. Para o autor, o processo criativo se alimenta a partir de dados da realidade que circunda o autor, diariamente.

As personagens Salete (Bruna Marquezine) e Fernanda
(Vanessa Gerbelli) de Mulheres Apaixonadas (2003)

Então, você agora tem uma outra concepção sobre a interação do Público e as Novelas? Deu para notar a força que o telespectador pode ter sobre o que é transmitido a ele? Espero que sim :D.

Não esqueçam de compartilhar o blog e comentar nas postagens o que você achou, até porque aqui também ocorre uma interação cíclica de emissor e receptor. xD

6.11.14

As novelas brasileiras e os casais gays.


Oi pessoal, tudo bem com vocês ??
Silvia, Cauê e Conrad
Então, desde que entramos nessa década praticamente todas as novelas tiveram algum personagem LGBT ( Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais), normalmente eles ficam com os melhores bordões ( Felix de Amor à Vida e Cássio de Caras e Bocas que o digam) sempre dando mais cor e humor as cenas, sendo ótimos amigos e tudo mais. Mas nem sempre foi assim, antes esse era um tema muito delicado e quando passou a retratados nas novelas brasileiras gerou muitas discussões no sofá das casas brasileiras. 




Sandro e Jefferson
Em 1975 a novela "O Rebu" transmitida às 22h trazia o primeiro personagem claramente homossexual, Cauê (Buza Ferraz), michê que mantinha uma relação afetivo-sexual com o banqueiro Conrad Mahler (Ziembisnki), na trama nada foi dito, mas tudo ficou subentendido, o banqueiro Conrad matou a personagem Sílvia por ciúmes de Cauê ~spoiler~. Durante toda as décadas de 70 e 80 os personagens homoafetivos eram personagens rasos e sem narrativa, não havia no público interesse neles, nem nos autores em dar-lhes destaque. 
A novela "A Próxima Vítima" foi a responsável pela grande virada, em uma das suas tramas paralelas é contada a relação ~super fofa~ entre Jefferson, um gerente de banco negro e de uma família muito bem sucedida, com Sandro, jovem branco, foi um grande estouro! Não obstante serem um casal eles ainda eram de "raças" diferentes, isso causou um grande impacto no público, mas no final eles se casaram e viveram felizes para sempre. 
Clara e Rafa <3
Nos primeiros anos desse século a presença de casais homoafetivos nas novelas só cresceu, um dos meus casais favoritos de novela, a Clara e a Rafa, de "Mulheres Apaixonadas", foi um dos mais marcantes, ambas eram jovens estudantes e sofreram muito "bullying" na escola da colega de classe Paulinha, além de ter que lidar com a mãe super preconceituosa de Clara, mas no fim, ficaram juntas e foi lindo. 
Com tantos personagens marcantes e apaixonados só tava faltando uma coisa, um beijo na boca! Acontece que, enquanto os casais heterossexuais mantinham relações praticamente todo dia, os personagens homossexuais se mantinham ... Assexuados! Pareciam bons amigos, andavam de mãos dadas, se assumiam, saiam do armário e ficava por aí, nunca saia disso. 
Então veio a novela "Amor à Vida", que trazia três personagens gays, Felix, o vilão, Niko, dono de um restaurante e seu parceiro, Eron, um advogado. Bem, Felix foi o primeiro vilão assumidamente homossexual e o ator Mateus Solano foi de uma carisma tão grande que o personagem se redimiu e teve um final feliz com Niko, onde tivemos o tão esperado beijo gay, não foi o primeiro mesmo, mas como foi em um horário nobre na globo, foi assistido por milhões, criticado por muitos sim, mas ainda foi um sucesso! 
Isso mostra como nossa sociedade está aos poucos quebrando preconceitos a muito enraizados por tradições sexistas, como foi dito por José Mayer em uma entrevista "A moral não é uma coisa estagnada, tudo muda, os costumes mudam.". 
Mas confesso que só vou ficar satisfeita quando tiver beijão de língua e ninguém ficar com nojinho!

1.11.14

Um Sucesso Mexicano

Como uma telespectadora fiel das novelas mexicanas, principalmente na infância, nada mais justo que fazer um post sobre elas. 

Bom, é difícil ter uma explicação para tanto sucesso, mas é impossível não reconhecê-lo. Sempre presente na telinha brasileira, principalmente no SBT, as novelas mexicanas sempre marcaram altos pontos de audiência. Um exemplo disso é “Marimar”, que foi produzida no ano de 1994 e está sendo reprisada pela quinta vez, marcando 5 pontos de audiência. O mesmo aconteceu com “A Usurpadora” e “Rubi”, que bateram a Record e conseguiu incomodar a Globo.


Com o sucesso já comprovado, podemos identificar alguns motivos para tanto êxito: